>> 14/09/2008

Alma, súspirante alma...

Minha alma não conhece “Parnasiana”.
É direta e literária:
Não conhece símbolos.
(Mas subjetiva enquanto alma).
Suas rimas
São suspiros
Que se encerram em fonemas:
Flertantes colegiais
Eles se amam
A cada verso que se finda.

Minha alma não conhece revolução.
É sempre libertaria
A cada suspirar poético.
É como criança travessa,
Que brinca com os novelos
Da avó que tenta tricotar
Seus conceitos, objetivados subjetivamente.

Minha alma é travessa,
E eu sou uma criança
Soltando pipa.
E minha alma lá em cima;
A flutuar sobre as nuvens.
E essa linha fina,
Mas espessa e aprisionante.
Que nos mantém aqui embaixo.
Errantes
A invejar os pássaros.

(Ter um céu
Para se perder e admirar,
Não nos permite voar.
Mas os pássaros
Sempre descem
Para se alimentar).

Minha alma não é conceitual.
É cheiro de terra molhada;
É cor do céu;
É abraço apertado
Com gosto de partida.

Minha alma é deformada.
É imaterial como luz crepuscular.
É fina e estática,
Mas dinamiza em cada suspirar.

E poderia algum ser
Não ter alma?
Poderia não ser alma,
Transcendente e teológica;
Caos e harmonia;
Perfeição finita;
Fim de tarde sentida.

Alma, súspirante alma.
Sem nome;
De eterna fome;
Alameda de sonhos,
E amores perdidos;
Breve sopro mortal;
Néktar que consome a si próprio.
Goles profundos;
Poço profundo;
E a boca sempre seca.

6 Sopros de vento:

Ana Matias 14 de setembro de 2008 às 21:13  

Olá, Rafael!
Muito lindo o teu poema, encontrei o teu blog por acaso, e achei bastante interessante!
Parabéns!
Abraço,
Ana Matias.

Andréia Pires 18 de setembro de 2008 às 19:55  

Meu trecho preferido:
"Minha alma não é conceitual.
É cheiro de terra molhada;
É cor do céu;
É abraço apertado
Com gosto de partida".
Adorei a visita no Solstícios. Vim retribuir e vou voltar sempre. :D

Conheceu o Solstícios como?? Através da Ana?

MaRio Rafael 19 de setembro de 2008 às 15:02  
Este comentário foi removido pelo autor.
MaRio Rafael 19 de setembro de 2008 às 15:06  

Obrigado, tbm pretendo voltar sempre, achei muito legal o poema. O dificil é so escolher um trecho preferido nele, ja que ele todo é leve e profundo como um suspiro, assim como todos os belos poemas curtos. Por demonstrar frieza no final, ele surprende muito pelo fato de comesar de uma forma bem singela e romanesca, e ir apodrecendo(em relação ao amor q vc descreve, ñ relacionado ao poema), ou seja, muito legal msm.
Eu o conheci pela ana mesmo.
abraço...

Andréia Pires 25 de setembro de 2008 às 21:14  

Rafael!! Muito obrigada! Logo mais conto como e quando Nela Rio! :P

Enzo Braga Bittencourt Chinelatto 29 de setembro de 2008 às 11:14  

Belo poema! Suas palavras têm uma suavidade e ao mesmo tempo uma força incríveis.
Parabéns!

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